terça-feira, 1 de abril de 2014

Como tudo começou?


Convidada para falar no Ossobuco de Março, a Jeanne fez uma palestra linda contando como começamos esse blog.

Gostaram?



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Pela primeira vez na Europa



Era a minha primeira vez na Europa: 3 países, 7 cidades e a vontade de levar um livro para cada canto que eu fosse. Mas não dava. Levei só dois pockets que eu tinha em inglês: 1984 e Long Walk for Freedom. O problema maior nessas missões de largar um livro em viagens é saber onde deixá-los e qual a melhor hora de carregar o livro na mochila que já está quase sempre pesada.

Depois de passar por Colônia, minha segunda cidade era Düsseldorf, onde eu passaria menos de 24 horas. Chegamos pouco antes do almoço e resolvemos sair para conhecer a cidade, já que o tempo era curto. A ideia nem era levar a mochila, mas eu teria tanto trabalho em procurar uma bolsa na mala que só tirei o que não era necessário de dentro dela e saí. Por sorte, resolvi deixar o 1984 lá.

Enquanto a nossa anfitriã alemã mostrava a cidade para mim e para uma amiga, me distraí com as histórias e o charme dos cantinhos de Düsseldorf, até esqueci da minha missão. Horas depois comentei com as meninas sobre minha encomenda secreta e pedi para me ajudarem a achar um bom lugar.

Foi então que a Vanesa, a alemã, me contou que em uma praça da cidade, perto de onde estávamos, havia alguns armários nos quais podíamos deixar um livro e pegar outro. Isso... assim... no meio da rua para quem quisesse. Coisa de alemão (nem só de alemão, aqui em Brasília  também tem).

Estava prestes a chover e eu não queria deixar meu livro a céu aberto. Então resolvi fazer diferente e participar desse projeto alemão, mas sem abandonar a ideia do Eu Achei o Livro de colocar sempre um bilhetinho na capa. Chegamos na praça, coloquei o 1984 no armário e peguei um livro infantil em alemão para trazer de presente para um amigo.

Confesso que, apesar de não ter tido a mesma emoção de deixar o livro em algum lugar no meio da rua para ser encontrado, achei uma delícia poder participar de um projeto estrangeiro com a mesma ideia de disseminar a leitura.

O armário e eu, bem natural.

O livro que veio comigo.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Em jardins alemães




Já era o décimo quarto dia de viagem e eu tinha dois problemas: faltavam pernas e coluna para andar por Berlim e eu precisava tirar peso da mala, a Ryan Air só permitia 20 kg. Ou seja, minha ideia de deixar um livro na Alemanha e outro em Londres já era. Um havia ficado em Düsseldorf (mas esse eu só vou contar depois) e o outro ficaria ali em Berlim mesmo.

Decidi tirar um dia sabático, se é que isso existe. Meus pés não aguentavam mais cinco passos seguidos e minha lombar gritava de tanto carregar mochila. Larguei a máquina fotográfica em casa para aliviar o peso, peguei a canga, o iPhone, o livro que ia deixar, o livro que ia ler, coloquei na mochila (agora mais leve) e fui em direção ao Tiergarten. Antes, um pit stop no Starbucks para comprar água e uns lanchinhos.

Era oficialmente o primeiro livro que eu largava no exterior (o outro não contou muito) e não era um livro qualquer, tratava-se da autobiografia do Mandela, Long Walk to Freedom. Estava segurando minha ansiedade pra não largar ali, no primeiro pedaço de grama do jardim, ou no primeiro banquinho que eu passasse. Aguentei.

O Tiergarten é um jardim imenso, desses antigos jardins de castelos europeus. A gente anda, anda, anda e nunca acaba. E eu achando que ia descansar. Até que achei um cantinho sossegado pra estender minha canga e, no melhor estilo europeu, deitar pra ler meu livro, escutar música ou pensar na vida. Resultado, o cansaço era tanto que vinte minutos depois caí no sono. Acordei meia hora depois com aquele pensamento brasileiro: - Ai, meu Deus, será que todas as minhas coisas estão aqui? Não me roubaram? Mas, claro, estava tudo ali, inclusive o Mandela.

Li mais um pouco e resolvi procurar o lugar especial onde eu deixaria as palavras de Madiba. O mais incrível nesses jardins é que todo lugar parece especial. O laguinho onde você vê um casal de idosos de mãos dadas namorando no banquinho; o gramado onde um monte de crianças brincam; o cercadinho onde os donos deixam os cachorros correrem; as esculturas escondidas no meio das árvores; entre outros encantos que a gente só vê em filmes, mas está sempre tão distante da nossa realidade.

Foi então que passei numa alameda cheia de banquinhos. Alguns adolescentes conversavam em um, um ou dois casais namoravam em outros, um senhor lia em outro. Encontrei um banco mais distante e sentei. Coloquei o livro atrás de mim e disfarcei lendo mais duas ou três páginas do meu. Levantei com aquela mesma adrenalina e sensação de quem faz algo proibido que já relatei nas primeiras vezes e minha vontade era de sair correndo. Olhei para os lados e vi que ninguém tinha reparado nas minhas atividades clandestinas. Tive tempo, ao menos, de fazer um registro do crime e mostrar para vocês. E ali deixei Madiba.

Um dos lagos do jardim

Escultura em homenagem a música clássica

Casal namorando <3

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Eu recomendo: A Delicadeza, David Foenkinos








Em algum mês de 2012, O filme "A Delicadeza do Amor", com a querida Audrey Tautou estava em cartaz. Não havia assistido ao filme ainda e estava comentando sobre, quando uma amiga me contou que ele havia sido inspirado em um livro muito famoso na França. Não precisa dizer que fiquei super curiosa e li antes de assistir ao filme. E sabe aquelas surpresas boas? É o livro de David Foenkinos. Apesar dos acontecimentos do livro, ele tem uma leveza única e mostra, de fato, a delicadez que nos foge os olhos.

A Jeanne também leu o livro e ela conseguiu transcrever as sensações que o livro causou, melhor que eu:

Um livro que conta uma história de amor. Mais uma? Mas de uma maneira diferente, eu diria. Uma narrativa leve, engraçada e que nos arrebata da agitação e da loucura da vida que vivemos. Uma leitura que abre os olhos. Os olhos do coração e nos faz perceber que nem sempre o melhor pra gente está de acordo com os olhos dos outros. Se deixe levar por esse livro que serviu de inspiração para o filme “A Delicadeza do Amor”, com a atriz Audrey Tautou.

Nós recomendamos!





Por Taís e Jeanne

segunda-feira, 4 de março de 2013

Arrastão

Resolvemos fazer nosso mea culpa e admitir, deixamos isso aqui bem parado nos últimos tempos. Foi por isso que nos reunimos para combinar como deixar o blog sempre atualizado. Essa história de deixar livros por aí acaba tendo períodos de plantio, quando ainda temos que acabar de ler alguns livros, para depois distribuirmos os frutos dessas leituras. E não queremos que o blog fique desatualizado nessas época.

Dessa forma, há algumas semanas novidades apareceram por aqui. Além dos nossos depoimentos e de amigos e pessoas que deixaram ou encontraram os livros, vamos também recomendar leituras, mostrar livros aos quais nos apegamos e ficaram na estante, deixar trechos de livros e postar projetos parecidos, colocar histórias sobre livros, filmes sobre livros e tudo de legal que encontrarmos sobre livros. E foi no almoço para combinar tudo isso que nós quatro resolvemos fazer um arrastão.

Nesse caso, no bom sentido. Se não existia de agora em diante passa a existir um bom motivo pra se fazer um arrastão. Arrastão de deixar. De deixar livros. E o bacana é que serão vários livros achados por uma ou por várias pessoas. Vai ser legal de todo jeito. Cada livro com o bilhete feito por sua antiga dona.
Saímos do nosso almoço e  juntas escolhemos um local: o Conjunto Nacional, um shopping bem no centro de Brasília, no 3º andar, área externa, onde tem um lindo gramado. Lugar bem propício para um encontro com livros.

Para quem achava que não deveria ter saído de casa (sabe aquele dias que tudo da errado antes das 10h da manhã?), o “arrastão literário”, além de ter rendido boas risadas,  me fez sentir uma aventureira (já que no dia do almoço, Brasília teve um apagão e a cidade toda ficou no breu, inclusive o shopping que estávamos, mas isso já é outra história).

Deixamos:
- A Arte de Ser Mulher ( Véronique Vienne) – um livro que fala do comportamento feminino diante das mais diversas situações. Confesso que não concordo com alguns. Mas quem agrada o mundo inteiro, né?

- Xangô de Baker Street ( Jô Soares) – um romance que li durante o adolescência e que me fez rir bastante. Uma leitura leve que conta a aventura de Sherlock Holmes e o seu fiel companheiro Watson em terras brasileiras para desvendar um caso. Jô Soares conseguiu prender a minha atenção desde a primeira página, mostrando a inteligência, humor e habilidade em contextualizar toda a história.

-Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Stieg Larsson) – um mistério acerca de mensagens misteriosas que um milionário recebe todos os anos em seu aniversário. Mikael Blomkvist é um jornalista econômico investigativo, encarregado de solucionar o caso, uma autoanálise psicológica do próprio autor. Lisbeth Salander é uma hacker, investigadora genial de aparência bizarra. Os dois constroem um elo frágil, marcado por um confiança vacilante e, juntos, vão tentar desvendar o mistério. É o primeiro livro da Trilogia Millenium.

-Poesia Grega e Latina (Péricles Eugênio da Silva Ramos) - coletânea  de poesias gregas e latinas com tradução direta do autor.


Esse foi o nosso 1º arrastão.
O da leitura, o da cultura, o da boa intenção. E esse blog tem nos permitido viver várias experiências, como essa e tantas outras que virão. Ouvir histórias de pessoas de outras cidades, sem nem conhecer seus rostos, ler seus posts de livros que acharam ou os que deixaram por se inspirarem nesse blog. LEGAL DEMAIS!!!!

Se você achou um desses livros, conta pra gente! A gente vai ter o maior prazer de te conhecer por aqui. E se gostaram das novidades, nos digam também!

E como fizemos esse arrastão juntas, esse post também foi feito em conjunto. Cada uma fez sua contribuição. Valeu meninas! Mais uma vez!


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O taxista que deixa livros

Quando desci, o taxista já estava a minha espera. Toda atrapalhada, atravessei a rua com mala, mochila e bolsa. Gentilmente ele desceu do carro para me ajudar. Ao abrir o porta-malas, fiquei surpresa: estava cheio de livros espalhados.

"Nossa, parece o meu carro, cheio de livros.", comentei.

Ele riu e respondeu: "É, é para um projeto".

Ao entrar no carro o taxista contou que achou na internet vários projetos, em São Paulo e outros lugares do mundo, nos quais as pessoas deixavam livros pelas cidades: metrôs, paradas de ônibus, bancos de praça. E que, ao ver tantos livros em casa e pouco espaço para guardá-los, ele resolveu deixar os dele por aí também.

Meu rosto se iluminou! Fiquei louca para interrompê-lo, perguntar se ele conhecia nosso blog e o que ele achava, mas resolvi escutar.

Quando senti uma brecha na fala dele, comentei primeiro sobre o T-Bone, açougue cultural que coloca livros em paradas de ônibus de Brasília.  Achei que se eu chegasse falando do nosso projeto, ele se assustaria ou pensaria que eu estava inventando só para puxar assunto.  Ele achou a iniciativa muito legal e disse que gostaria muito de vir à cidade para conhecer.

Foi aí que Seu Oswaldo* contou que não gostava muito de ler. Até que um dia, quando trabalhava na construção civil e foi enviado para uma obra em Campos do Jordão, encontrou páginas de um livro de autoajuda. Resolveu ler essas páginas sem compromisso. Quando voltou à São Paulo, procurou o livro completo para ler o resto. Não parou mais. Leu vários e vários livros desse gênero.

"Dizem que livro de autoajuda só ajuda o autor, né?! Mas eu gostava muito. Na época fazia muito sentido para mim. Hoje não leio mais isso, perdeu a graça, mas passei a me interessar por outros livros."

Pela variedade de títulos que vi atrás dos bancos do taxi, Seu Oswaldo é do tipo que não tem preconceitos ao ler. Clarice Lispector, Augusto Cury e livros sobre teorias econômicas foram alguns que eu consegui identificar.

Não me aguentei e falei para ele sobre o blog. Ele adorou a ideia e disse que acredita, realmente, que um livro pode mudar a vida de alguém. Contou de um mendigo em São Paulo que, um dia, encontrou um livro e se apaixonou. Como não tinha condições de comprar mais alguns e nem o deixavam entrar em bibliotecas, saiu pela cidade procurando alguém que lhe doasse livros. Resultado, criou uma "bibiteca", uma biblioteca em cima de uma bicicleta, que levava livros a moradores de rua. O mendigo, hoje, faz palestras em vários lugares do mundo sobre seu projeto.
Seu Oswaldo fez eu me lembrar do porquê entrei nesse projeto com a Jeanne e as meninas. Pode ser que a gente não mude a vida de ninguém, mas tenho certeza de que, pelo menos, faremos algumas pessoas terem um dia mais especial.


*Nome fictício, eu realmente me esqueci qual o nome dele (graças a minha memória de peixe dourado).

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Um livro deixado bem rapidinho

Como há um tempo eu não deixava livros, levei dois comigo para a viagem a São Paulo e Campos do Jordão. Mas, apesar das surpresas, o feriado foi quase todo de chuva. Fiquei com medo de deixar meus livros e eles estragarem antes que alguém encontrasse.

Hoje, no aeroporto, bateu um peso na consciência de voltar com aqueles dois na bolsa e acabei deixando um. Foi em um restaurante no segundo antes de Congonhas, não me lembro o nome. Passei quase duas horas lendo ali e pensei: talvez alguém também precise de algo para ler e passar o tempo.

Como o restaurante estava cheio, deixei ali, na cadeira, para que a próxima pessoa que a puxassse e sentasse pudesse ter uma supresa.